Os moradores vivem mudando, mas elas continuam lá - luxuosas, imponentes, majestosas, independente de quem ocupe suas dependências. Decisões que mudam os destinos do mundo são tomadas atrás de suas ornamentadas portas, embora ninguém esteja prestando muita atenção à riqueza de sua arquitetura e decoração. A seleção abaixo traz as dez mais belas residências presidenciais do planeta, da opulência georgiana da Casa Branca à maravilhosa simplicidade do Palácio da Alvorada, assinado por Oscar Niemeyer. Porque afinal, não só de política vivem os governantes desse mundo.
1. Casa Branca, Washington, Estados Unidos
Embora tradições nacionais sejam valores supremos na decoração de qualquer palácio presidencial que se preze, existe espaço para inovações no mais famoso deles: a morada do chefe de estado norte-americano, que pode ser personalizada por seus ocupantes - até certo ponto. Nada mais coerente para a nação que coloca as liberdades individuais acima de qualquer princípio. O casal Obama, por exemplo, criou uma horta em meio ao jardim, de modo condizente com a campanha de acesso universal à alimentação saudável e orgânica propagada por Michelle. Seu esposo, por sua vez, deu novas caras à cozinha e a áreas sociais. A Sala Vermelha, retratada abaixo, é um de seus cômodos preferidos. O edifício foi construído entre 1792 e 1800 pelo arquiteto nascido na Irlanda James Hoban. Inúmeras reformas e extensões, por vontade ou necessidade, seguiram-se até 1963, durante o mandato de John F. Kennedy. Hoje, o complexo compreende a residência executiva, a Ala Oeste, o gabinete, a sala Roosevelt, a Ala Leste e o escritório executivo Eisenhower, onde estão as áreas de trabalho do presidente e do vice-presidente.
2. Palácio do Eliseu, Paris, França
O Palácio do Eliseu foi projetado por Armand-Claude Mollet no início do século 18. Desde então, sua arquitetura foi muito modificada, por Étienne-Louis Boullée, em 1773 e, principalmente, por Joseph-Eugène Lacroix, a partir de 1853, a mando de Napoleão III. Com uma história conturbada, repleta de vendas e ocupações, o edifício foi pela primeira vez a residência oficial da França no segundo reinado, durante o governo provisório de Luís 18. No entanto, a morada foi esvaziada em junho de 1940 e permaneceu sem habitantes durante a Segunda Guerra Mundial, voltando a ser ocupada apenas em 1946. Além do lar oficial, o chefe de Estado francês pode desfrutar de duas outras locações: o Château de Rambouillet, a sudeste de Paris, e o Forte de Brégançon, próximo de Marselha.
3. Palácio da Alvorada, Brasília, Brasil
Às margens do lago Paranoá, o Palácio da Alvorada foi o primeiro edifício inaugurado na capital federal, em 30 de junho de 1958. Parte do plano piloto de Brasília, o projeto é de Oscar Niemeyer. Juscelino Kubitschek recusou o primeiro desenho feito pelo arquiteto, por uma suposta "falta de monumentalidade", e pediu que ele criasse um palácio que ainda fosse admirado em cem anos. Diferente do que ocorre em outros países, a área de trabalho do presidente não é unificada à sua residência. O gabinete presidencial fica no Palácio do Planalto. O lar, atualmente habitado por Dilma Rousseff, tem três pavimentos. No térreo se encontram os salões utilizados em eventos e solenidades. O subsolo, que pela elevação do piso térreo recebe ventilação natural e insolação, abriga um auditório para 30 pessoas, sala de jogos e cômodos serviçais. O andar superior guarda a ala privada, onde se encontram quatro suítes e salas íntimas.
4. Casa Rosada, Buenos Aires, Argentina
Localizada em frente à Praça de Maio, a Casa Rosada é famosa por ter sido palco de importantes manifestações políticas e artísticas. Sua arquitetura foi projetada por Enrique Aberg e alterada por Francesco Tamburini. Quanto à coloração de suas paredes externas, há duas explicações. Uma delas conta que na época de sua construção, as tintas mais comuns eram feitas à base de sangue de vaca, que resultava num pigmento rosado (muitas construções antigas têm a mesma cor no centro de Buenos Aires). Uma corrente local, entretanto, gosta de afirmar que o tom rosado do palácio é o resultado da mistura de vermelho e branco, cores dos dois maiores partidos políticos do país. A construção abriga também o Museu da Casa do Governo, que expõe materiais relacionados aos presidentes do país. O edifício já esteve presente em várias cenas de filmes, como dos longas A História Oficial e Evita.
5. Palácio do Quirinal, Roma, Itália
Em 1583, o papa Gregório XIII iniciou a construção de uma residência cristã longe do Vaticano, encarregando da obra o arquiteto Ottaviano Mascarino. O Palácio do Quirinal serviu de residência estival aos papas até 1870, quando Roma foi anexada pelo então Reino de Itália e o local passou a ser a residência oficial do rei. Mais adiante na história, Giovanni Gronchi foi o primeiro presidente a viver no palácio, com o final do império e o início da república. Depois dele, muitos chefes de estado italianos residiram no edifício, mas alguns apenas utilizaram-no como gabinete de trabalho. No palácio há diversas coleções artísticas de tapetes, pinturas, esculturas, carruagens, relógios, móveis e porcelanas, muitas das quais chegaram de outras residências italianas, como é o caso do mobiliário pertencente ao Palazzo Ducale di Colorno. Além disso, pelas paredes podem ser vistos afrescos que datam da origem da construção.
6. Rashtrapati Bhavan, Nova Déli, Índia
Instalado em Raisina Hill, na região central de Nova Déli, a capital nacional, o Rashtrapati Bhavan, cuja tradução é literalmente “casa do presidente”, é uma construção da época em que a Índia fazia parte do Império Britânico. O complexo projetado pelo arquiteto britânico Edwin Landseer Lutyens, em 1912, serviu como residência para os vice-reis britânicos até 1950. A obra levou 17 anos para ser concluída e no caminho desapropriou duas vilas, Raisina e Malcha. Atualmente, o prédio é a maior residência de um chefe de estado do mundo, com 340 quartos. Os jardins Mughal, conhecidos pela variedade de flores, são abertos ao público em fevereiro, todo ano.
7. Palácio de Bellevue, Berlim, Alemanha
Como boa parte de Berlim, pouco resta da construção original do Bellevue, primeiramente erguido em 1791. Daquela época, só se conserva o salão de baile no piso superior, concebido pelo arquiteto Carl Gotthard Langhans. O interior do palácio foi remodelado várias vezes de acordo com as diferentes utilizações dadas ao edifício que, além de servir como escritório e residência presidencial, já foi duas vezes museu, edifício de escritórios, cantina para pobres e, durante a Primeira Guerra Mundial, foi usado pelo comando militar supremo e pelo governo como uma espécie de centro de negociações com os Aliados. O edifício em estilo neoclássico fica na parte ocidental da capitala alemã, próximo ao Palácio do Reichstag e ao Portal de Brandemburgo. O palácio recebeu o nome de Bellevue, que significa “bela vista”, em francês, devido à visão do Rio Spree que se tem dali. Curioso é o fato de poucos presidentes alemães terem optado por viver no local durante seus mandatos. Muitos deles reclamaram da má qualidade de sua reforma pós-bombardeio e incêndio.
8. 10 Downing Street, Londres, Grã-Bretanha
Há mais de 300 anos os primeiros-ministros britânicos residem atrás de uma pequena porta localizada no número 10 da rua Downing, no bairro londrino de Westminster. Por não possuir um título particular, o endereço é conhecido no país como Número 10. A enorme morada resulta da união de três construções: uma mansão com vista para o parque St. James, ao fundo, e duas outras menores, à frente. A atual fachada da construção, embora alterada, fazia parte de uma das casas menores, projetadas por Sir George Downing, entre 1682 e 1684. Antes da unificação, o rei George II doou as propriedades para o governo inglês, em 1732. Por demanda de Sir Robert Walpole, William Kent executou a reforma que transformou os lares independentes em uma morada única, com cerca de 100 quartos. A residência oficial ocupa o terceiro andar, a cozinha fica no porão e os outros pavimentos são reservados aos encargos profissionais do primeiro-ministro. Em termos de área verde, há um átrio interno e, nos fundos, um terraço que vê um jardim de 2 mil m².
9. Bessastaðir, Álftanes, Islândia
De modo incomum, a sede do governo da Islândia não está localizada na capital federal, Reykjavík, mas numa cidade próxima, Álftanes. No século 13, a propriedade fazia parte da fazenda do escritor Snorri Sturluson. Depois de seu falecimento, o rei da Noruega confiscou o terreno e durante a Idade Média e o local foi utilizado pelos representantes estrangeiros do governo da Islândia. O edifício principal do complexo teve sua construção iniciada em 1761 e, em 1805, passou a abrigar a única escola secundária do país. Quarenta e um anos mais tarde a escola se mudou para a capital. A propriedade pertenceu a outro escritor, Grímur Thomsen, ao editor e parlamentarista Skúli Thoroddsen, até, em 1940 ser comprada por Sigurður Jónasson. No ano seguinte, este último detentor da casa a doou para o estado e então a construção passou a servir como residência do regente e, por fim, dos presidentes da Islândia.
10. Palácio Nacional de Belém, Lisboa, Portugal
O palácio, que tinha jardins à beira do Tejo antes de o rio migrar sua margem, foi construído em 1559 pelo fidalgo D. Manuel de Portugal. No século 18, o monarca D. João V, que enriquecera com o ouro do Brasil, comprou a propriedade para o conde de Aveiras, que a alterou radicalmente. Entre as mudanças, foi adicionada uma escola de equitação, espaço que hoje abriga o Museu Nacional dos Coches. A partir do reinado de D. Luís I, o Palácio de Belém foi destinado a receber os visitantes oficiais. Em 1912, depois da proclamação da república, o local foi designado residência oficial do presidente. No entanto, os presidentes tinham que pagar uma taxa para ali morarem, sem a qual seriam acusados de gozar de privilégios atribuídos ao regime anterior. Durante o período de ditadura, chamado “Estado Novo”, a propriedade caiu no esquecimento, recuperando relevância apenas em 1974, após a Revolução dos Cravos. Com a vigência da atual constituição atual, de 1976, o palácio retomou sua condição de residência oficial do chefe de estado. Mas desde então, apenas o Presidente Ramalho Eanes habitou permanentemente no Palácio.
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