domingo, 13 de maio de 2012

Saber ver a arquitetura


A definição mais precisa que se pode dar atualmente da arquitetura é a que leva em conta o espaço interior. A bela arquitetura será a arquitetura que tem um espaço interior que nos atrai, nos eleva, nos subjuga espiritualmente; a arquitetura feia será aquela que tem um espaço interior que nos aborrece e nos repele.

A experiência espacial própria da arquitetura prolonga-se na cidade, nas ruas e nas praças, nos becos e parques, nos estádios e jardins, onde quer que a obra do homem haja limitado ‘vazios’, isto é, tenha criado espaços fechados.

Dizer que o espaço interior é a essência da arquitetura não significa efetivamente afirmar que o valor de uma obra arquitetônica se esgota no valor espacial. Cada edifício caracteriza-se por uma pluralidade de valores: econômicos, sociais, técnicos, funcionais, artísticos, espaciais e decorativos. 

Mas a realidade do edifício é conseqüência de todos esses fatores, e uma história válida não pode esquecer nenhum deles. Mesmo prescindindo dos fatores econômicos, sociais e técnicos, e fixando a atenção nos valores artísticos, é claro que o espaço em si, apesar de ser o substantivo da arquitetura, não é suficiente para defini-la.

Se pensarmos um pouco a respeito, o fato de o espaço, o vazio, ser o protagonista da arquitetura é, no fundo natural, porque a arquitetura não é apenas arte nem só imagem da vida histórica ou de vida vivida por nós e pelos outros; é também, e sobretudo, o ambiente, a cena onde vivemos a nossa vida.
 

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